domingo, 11 de novembro de 2012

Heróis da Vida Real: Orgulho sem preconceito

Quando a filha era criança, Stella sofreu a rejeição de escolas regulares. Hoje, a jovem viaja sozinha e é exemplo de vida | Foto: João Laet / Agência O Dia
Esta história foi tirada do portal do Jornal O Dia, e demonstra como o amor supera todas as barreiras que a sociedade impõe, principalmente o preconcieto. Belo exemplo!!

"Juntas, elas venceram o preconceito. Descendente da Família Real, Maria Christina de Orleans e Bragança, de 22 anos, portadora da Síndrome de Down, e a mãe, a renomada arquiteta Stella Lutterbach Leão, 54, são símbolos da luta pela inclusão social de pessoas especiais.
Sempre com apoio de Stella, Maria Christina, ou Killy, como é chamada pela família e amigos, vem superando traumas desde a infância e, hoje, entre outras atividades, escreve livros, dá aulas de informática e artes numa creche comunitária, participa de três filmes amadores que tratam de Down e acaba de ajudar a criar o portal www.movimentodown.org.br.
“Eu e alguns amigos, criamos um grupo que abastece o site com dicas e informações importantes de saúde para nós, pais, professores e qualquer interessado em saber mais sobre o assunto”, explica Killy. O portal reúne organizações públicas e da sociedade civil, brasileiras e do exterior, pela inclusão em todos os espaços da sociedade.
Stella comemora avanços e lembra que ainda há muito o que lutar contra a discriminação. “Muitos ainda pensam que a Síndrome de Down é uma doença. Quando Kitty nasceu (fruto do casamento dela com o tataraneto de Dom Pedro II, o príncipe Dom João de Orleans e Bragança, de quem se separou há seis anos), por exemplo, havia pouca informação. Me lembro das sete escolas que a recusaram e da que pediu o afastamento dela”, recorda-se.
Ao invés de se conformar, Stella se uniu a outros pais e passou a lutar de todas as formas pela causa, participando, como membro da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, de congressos, inclusive em outros países, liderando movimentos pela cidadania e o acesso à escola regular e ao trabalho.
“Agora, nossos filhos são os protagonistas dessa bela história. Eles demonstram a todo momento que são capazes e tomam suas próprias atitudes. Kitty já até viaja sozinha. A onda da inclusão não tem volta. Daqui a alguns anos isso não precisará nem ser discutido mais”, orgulha-se.
De acordo com o último Censo, de 2010, quase 46 milhões de brasileiros, cerca de 24% da população, declararam possuir pelo menos uma deficiência nas áreas mental, motora, visual e auditiva.
Recentemente, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, garantiu que vai exigir que 100% das crianças e jovens com algum tipo de deficiência sejam matriculadas em classes regulares.
As classes especiais servirão como apoio. Segundo dados do Censo da Educação Básica, no ano 2000 apenas 21,4% das pessoas com deficiência estavam matriculadas no ensino regular público. Em 2011, saltou para 74,2%."

sábado, 29 de outubro de 2011

Tamanho não é documento

Recebi um depoimento hoje de um rapaz de 26 anos que é anão e diz que o lema da vida dele é: Tamanho não é documento!!! Ele estuda, trabalha, tem amigos, viaja muito, tanto que já conhece 22 países e afirma em seu depoimento que o fato de ser anão nunca o impediu de fazer nada. É claro que ele tem suas limitações, mas não deixa isso fazer com que ele se sinta mal ou deixe de fazer o que gosta. Thiago é uma pessoa muito bem humorada, tão bem humorada que está sempre rodeado de amigos e todos se divertem muito com ele e com seu alto astral contagiante. Quando perguntam como ele está ele sempre diz: Maravilha! E assim mesmo que ele se sente por poder aproveitar as maravilhas da vida. "Sou um sortudo, tenho uma família maravilhosa, uma mulher que dá dois de mim, dois filhos do meu tamanho, com os quais eu posso brincar de igual para igual, o que mais posso querer?rsrsrsrs" Quanto às piadinhas, ele diz que os amigos a vida inteira fizeram muitas piadas com ele, uma clássica é dizer que nunca foram em enterro de anão. Que ele responde dizendo, claro eu serei o último a morrer...rsrsrsrs
Thiagão, como é conhecido pelos amigos, aproveita para contar uma piadinha:
Certa vez Joaquim, um anão muito paquerador resolve dar um passeio na praia,ele passa o fim de semana todo na praia, na volta ele é recebido pelos amigos que tambem eram anãos, e como eles nunca foram na praia, muito curiosos eles perguntam pro Joaquim,e aí Joaquim como é lá? O Joaquim responde: Muito legal, tinha cada joelho.......
Eu sempre digo para minha mulher que a parte do corpo dela que mais gosto é o joelho e é verdade, ele é lisinho, não é enrugado como de outras mulheres não...rsrsrsrs
Realmente conviver com ele é certeza de muitas alegrias e segundo a esposa o nanismo não o atrapalha em nada, pois ele é baixinho mas é considerado um gigante!!!!
O que vale é a postura que temos diante da vida e das dificuldades que nos surgem. Thiago escolhe sempre ver o lado bom da vida. Como ele disse em seu depoimento, "todos os dias de manhã a vida me dá a oportunidade de escolher entre ficar de bom humor ou de mal humor e eu sempre escolho ficar de bom humor. A vida é feita de escolhas, você escolhe como reagir às situações."

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Major da PM em Pernambuco



Mais uma história de coragem e perseverança. O Major Marcelino Carvalho ficou paraplégico devido a um acidente em serviço. Foi receber uma homenagem na Universidade Federal de Pernambuco, mas não tinham acesso no auditório e ele teve que ser carregado. Dá para acreditar?
O Cadeirante Marcelino Carvalho é Major da Polícia Militar de Pernambuco e foi vítima de um acidente automobilístico em serviço, na cidade de São José do Egito-PE, Sertão do Pajeú Pernambucano, em dezembro de 2007, acidente que o deixou paraplégico (lesão medular completa na T-9). Hoje, faz reabilitação no Hospital Sarah Kubistchek de Fortaleza-CE. A aprendizagem naquele centro de reabilitação o fez ver a vida com outro ângulo. “Hoje eu nado, pois quando tinha as duas pernas normais não sabia nadar, adaptei o meu carro e dirijo, viajo e passeio com minha família para todos os lugares, psicologicamente estou bem, sei que não é fácil, mas se não levantar a cabeça é pior, confio em Deus, que é capaz do impossível, tenho apoio da minha família e amigos, trabalho na parte da manhã; enfim, procuro preencher o vazio deste fato com atividades construtivas (leitura, igreja, fisioterapia, internet, lazer, e cuidados com a saúde) e que, tal ânimo, sirva de exemplo para as demais pessoas que passam por problemas semelhantes ao meu. No abençoado Hospital Sarah Fortaleza, aprendi uma frase de uma fisioterapeuta, que diz que: “o andar começa na cabeça”. Não tenho dúvida alguma, sei que vou voltar a andar, é só questão de tempo. O tempo é de Deus.”

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cadeira Voadora

No início dos anos 70, eu era uma simpática e voluntariosa menininha de cinco anos quando um vírus desconhecido se alojou em minha medula. O médico do interior achou que era manha, pois não identificava nenhuma doença; eu apenas me queixava de dor na garganta e nas pernas. Três dias mais tarde, e passadas duas visitas ao médico, minhas pernas não mais atendiam ao meu comando. Viemos para Belo Horizonte. Na capital, com certeza saberiam dizer o que eu tinha. Muitos exames depois – tudo bastante assustador para uma criança de cidade pequena –, o diagnóstico era mielite transversa. Eu não andaria mais. Segundo o médico, nem mesmo me sentaria sozinha. Mudamos para a capital mineira, e nossa vida recomeçou. Seis meses internada. Tudo novo, tudo desconhecido. Eu tinha muito medo.
Passaram-se quase quarenta anos, e hoje você pode ouvir esta história. Pode saber que consigo não apenas sentar-me sozinha, como também posso fazer praticamente tudo o que desejo ou preciso. Claro: não da mesma forma que uma pessoa sem deficiência faz. Mas com empenho, treino, dedicação, apoio, adaptações e inclusão.
Eu, que tinha nascido em uma família com parcos recursos financeiros (a situação ficou um pouco mais difícil com minha doença e a consequente mudança para a capital), estudei com bolsa de estudos e fui à aula em um carrinho de madeira (bem parecido com um carrinho de pedreiro) empurrado por minha mãe. Havia sido feito por um vizinho, avô de uma garota que também tinha uma deficiência de locomoção. Não tínhamos dinheiro para cadeira de rodas e eu não conseguia cobrir a distância a pé…
Enquanto meus coleguinhas faltavam de aula para ficar debaixo das cobertas por causa do frio ou da chuva, minha mãe e eu subíamos impavidamente um dos milhares de morros de Belo Horizonte em direção à escola. Muitos anos depois, formada, era difícil achar emprego. Nos anos 80, as pessoas ainda não tinham ouvido falar na palavra “inclusão”. Era inusitado alguém empregar uma pessoa com deficiência. Mas eu não queria apenas um emprego: tinha nascido ambiciosa numa família pobre. Queria um bom emprego, ter um carro legal, viajar. Foi então que apareceu um concurso para a Assembleia Legislativa. Meses depois, outro para o Banco do Brasil. Fiz os dois, com o incentivo irrestrito de minha mãe e de algumas outras pessoas, e paguei a inscrição com o dinheirinho juntado com esforço.
E se eu não passasse? Não queria perder o dinheiro… A grana que juntei era proveniente de aulas particulares de português e matemática que eu dava, incentivada por um namorado que era também meu professor. Eu era uma excelente aluna, e isso alavancou meu progresso. Pois bem: bravamente (!), decidi investir minha grana em mim mesma, apesar de ser um investimento de risco. Mas, felizmente, passei nos dois concursos. Muito bem colocada, apesar de só ter o 2° grau e de ter estudado sozinha, em casa, com apostilas emprestadas. Valeu o esforço e o incentivo que recebi.
A princípio me locomovia usando aparelhos ortopédicos nas duas pernas, no quadril e no tronco, além de um par de bengalas canadenses. Era muita coisa! Mal conseguia subir um meio-fio. Com a fisioterapia, feita em hospital público, ganhei condições de ficar com o aparelho em apenas uma perna, e mantive as bengalas. Já podia pegar ônibus! Foi assim que comecei a trabalhar e também a frequentar a Faculdade de Letras, que era meu sonho. Comprei um carro dois anos depois e abri mão, com satisfação, das loucas aventuras nos ônibus de BH.
Minha vida a partir daí, já contando com melhores condições financeiras, foi feita de muito investimento em saúde e bem-estar. Jamais poupei dinheiro para fazer os tratamentos que pudessem me auxiliar a viver melhor em meu próprio corpo. Investi em um excelente equipamento ortopédico, uma cadeira de rodas que me atendesse convenientemente e um automóvel que desse conta do recado com louvor.
Tenho muitos amigos que amo, com quem saio e viajo bastante. Tive vários namorados, mas ainda não bateu coragem de juntar as escovas de dentes. Mas acho uma delícia estar apaixonada! Tenho um bom relacionamento com a família e curto minha mãe de montão. Acima de tudo, eu a admiro muito, pela fortaleza de fé que sempre foi, por nunca ter desanimado diante dos desafios e por ter sido alicerce para que eu me desenvolvesse, sempre me oferecendo apoio irrestrito e muito, muito amor.
Uma das minhas opções de vida foi fazer trabalho voluntário, para que eu pudesse ajudar a levar a outros um pouco das bênçãos que recebi. Queria ser um instrumento para que coisas boas acontecessem. Trabalho como voluntária há quase 20 anos, há 15 em uma instituição espírita, que amo profundamente. A vivência da espiritualidade é meu grande suporte.
Sou revisora de textos da Assembleia Legislativa e fiz pós-graduação nessa área. Sou apaixonada pelo trabalho de revisão de livros, que também faço para uma editora espírita, em caráter voluntário.
O que eu mais gosto de fazer hoje? Viajar. Ano que vem devo partir para meu primeiro intercâmbio. E o que caracteriza minha personalidade? Sou apaixonada pela vida. Não me abato por muito tempo, tenho uma predisposição para a alegria e uma confiança danada nos processos da existência, o que impede que eu desista dos meus objetivos ou encare um desafio como sendo um impedimento. Meu grande aprendizado? Saber respeitar limites. Aprendi que para alguns não há remédio, ao menos momentaneamente. Mas meu impulso de ariana é de desafiá-los, sempre. Meu grande sonho? Dia a dia me tornar uma pessoa melhor.
Se quiser ouvir outras histórias que gosto de contar, você pode conferir meu blog. Adorarei receber sua visita.
Grande abraço,
Laura Martins

domingo, 22 de maio de 2011

Força para continuar

Recebi hoje um depoimento que pode ajudar muitas pessoas a encontrar forças para continuar na busca dos seus sonhos. Vitor não tem nenhuma restrição física mas nunca teve forças para lutar pelos sonhos, nunca encontrou motivação na sua família, sempre se sentiu impotente diante dos desafios e foi muitas vezes chamado de fraco, incompetente entre outros adjetivos que só nos colocam para baixo. Diante da maneira como sempre foi tratado pela família, Vítor encontrou no álcool um aliado e um companheiro para a solidão que sentia, e passou então a se refugiar cada vez mais na bebida, o que só agravou os seus problemas. Com 22 anos já era dependente da bebida e já não tinha muitas perspectivas na vida. Começou um curso superior que acabou não concluindo porque deixava de ir às aulas para ficar no bar bebendo e se sentindo cada vez pior. Não se casou, não concluiu os estudos, morou na casa dos pais até os 35 anos ouvindo sempre que era um peso para a família e uma decepção para os pais. Infelizmente precisou se sujeitar a isso pois não tinha renda suficiente para morar sozinho, o que o tornava dependente da família que nunca tentou ajudá-lo, pelo contrário, sentia vergonha dele. Aos 37 anos cansado de ser excluído das festas da família, já com problemas de saúde decorrentes dos mais de 20 anos de alcolismo decidiu dar um basta nessa situação, disse para si mesmo que daquele dia em diante não colocaria mais uma gota de alcool na boca e felizmente hoje com 52 anos, 15 anos limpo, se considera muito feliz e extremamente amado pela família que ele construiu. Os pais e irmãos nunca o incentivaram a lutar pelos seus sonhos, mas sozinho sem contar com a ajuda de ninguém conseguiu recuperar o amor próprio e a auto-estima e hoje afirma que para ser feliz basta se amar acima de qualquer coisa. O amor próprio é o que nos move. Ele conta que no dia que ele decidiu se amar, parou de beber, voltou a estudar e a cuidar da sua saúde tudo mudou na vida dele. Encontrou um amor verdadeiro com quem se casou e tem um filho que é a sua fonte de inspiração e motivo de muitas alegrias. Hoje não depende dos pais e irmãos para nada e sinceramente continua não sendo muito procurado por eles, mas é muito feliz com a família que construiu. O que ele aprendeu com isso tudo? Não importa a forma como os outros te vêem, o que verdadeiramente importa é a forma como você se vê!!!!

* o nome do autor desse depoimento foi mudado a pedido dele para não expor a sua família

domingo, 8 de maio de 2011

Recebi um depoimento emocionado da Maria Aparecida que compartilha conosco a sua história:
Aos 44 anos fumante, ela teve um AVC de grandes proporções que deixou como sequela uma hemiplegia esquerda parcial portanto ela não movimenta mais o lado esquerdo. Como antes ela era saudável as adaptações à atual realidade e às limitações impostas são muito difíceis. Ela faz hidroterapia, fisioterapia convencional , dança faopilates e a despeito do prognóstico acaba de terminar o curso de Direito indo as últimas aulas de bengala tendo convulsões dentro da sala de aula o que a deixou anda mais vulnerável. Ela divide essa história de luta conosco e gostaria de saber se de repente alguém sabe de alguma novidade que possa ajudá-la a viver em uma cidade do interior sendo deficiente, pois só quem também passa por isso sabe que não é fácil. No interior especialmente pois não existe a cultura de respeito e atenção ao deficiente,  não há rampas nem vagas para estacionamentos para pessoas como ela. Ela não é cadeirante dirige  e vive como é possível com suas limitações mas há momentos em que batem as perguntas de sempre: Por quê?  Por que eu? O que fiz para merecer isso? Mas não há como desistir da vida pois a vida está aí batendo à  porta  e a chamando para viver, então vamos lá não é assim? Ela  diz que pensa em alguns momentos em adquirir uma cadeira de rodas para facilitar o ir e vir e gostaria de saber o que vocês acham e o que a indicam.
Cida, muito obrigada pelo seu contato e tomara que outras pessoas na mesma situação que vc postem aqui depoimentos e  palavras que possam te ajudar a facilitar  o seu dia-a-dia.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Pai cadeirante

Nesta foto estão o Gregori Iochpe, Helene e o recém nascido Gustavo, filho dos dois. Gregori contou sua história no blog do meu irmão e autorizou publicar aqui, e reproduzo abaixo.

"Minha historia como cadeirante começou em uma tarde quente de 02 de outubro de 2002, saí da empresa onde eu trabalhava para ir à academia treinar um pouco de tênis, na época eu estava com 23 anos e fazia exercício todos os dias, tinha recém sido selecionado para gerenciar a filial de uma empresa de grande porte do ramo têxtil e no dia seguinte teria uma reunião na matriz desta empresa em Blumenau, que fica 180 km de minha cidade (Lages-SC).
Eu estava com uma moto esportiva Suzuki 750, quando um carro atravessou a preferencial e eu não consegui frear, bati contra o carro e caí no chão, no momento não senti mais minhas pernas, apenas uma dor muito forte no ombro esquerdo que quebrou no acidente, pedi que tirassem meu capacete e fiz a ligação para os bombeiros, e depois para um médico amigo meu.
Quando cheguei ao hospital, estava com o pulmão direito estourado (pneumotórax), o médico meu amigo abriu o jogo comigo e disse que a situação era grave, e que provavelmente eu havia lesionado a medula. Fizemos a cirurgia da coluna, coloquei duas hastes e 16 pinos nas costas, segundo os médicos ortopedista e neurologista, minha medula havia sido cortada ao meio pelos estilhaços de ossos das vértebras que eu fraturei (L12 e L1).
Depois veio tudo aquilo que você sabe, muitas visitas (umas boas e outras chatas), e com 45 dias de lesão consegui uma vaga no Hospital Sarah de Brasília, e na primeira internação fiquei 45 dias, os quais acho que foram os dias mais difíceis de minha vida, pois lá caiu a ficha que eu poderia ficar na cadeira de rodas para sempre.
Estive três vezes no Sarah e apenas 3 meses após meu acidente eu já estava morando sozinho, com 4 meses de acidente comprei um Corolla, adaptei com alavanca Cavenaghi e comecei ir na fisioterapia de carro.
Chegando na fisioterapia, conheci uma outra fisioterapeuta, não a que me atendia, era uma menina recém formada que era especialista em neurologia, fui ficando amigo dela e após alguns meses ela se tornou minha fisioterapeuta, nossas conversas batiam, nossos gostos também, ela entendia o que eu sentia, me apoiava e acabei me apaixonando, e após dois anos nos casamos.
Estamos casados faz quatro anos e meio, após um ano de casados resolvemos ter filhos e procuramos ajuda de especialistas, fomos a uma clínica em Florianópolis, fizemos duas fertilizações, mas sem sucesso, então resolvemos buscar ajuda em uma clínica muito famosa de Porto Alegre (Centro de pesquisa e fertilização Nilo Frantz), e lá conseguimos engravidar.
No dia 24 de Janeiro o nosso querido e aguardado Gustavo nasceu, o parto foi realizado em Passo Fundo-RS, no hospital PRONTO CLINICA, que se adaptou todo para atender o primeiro pai cadeirante daquele local.

Me colocaram em uma suite completamente adaptada para cadeira de rodas; há uns 15 dias atrás ligaram perguntando o que deveria ter no quarto e quais as larguras e alturas que eu desejava, quando cheguei estava do modo que pedi, e isso foi um alivio.
O Gustavo nasceu de 7 meses e meio com 2.330 gramas e 46 cm, depois de 4 fertilizações.
Ele nasceu saudável e forte, não foi necessário ir para o oxigênio, o que nos deu um grande alivio."

sexta-feira, 18 de março de 2011

Bom humor para superar

Antes da lesão, eu vivia em uma bicicleta, minha paixão
Sempre fui um cara extremamente bem humorado, daqueles que encontra motivo para rir em tudo, até mesmo quando enfrenta algum problema. E os problemas que fui encontrando na vida contornei sempre com bom humor. Mas uma lesão medular não é um problema comum, é extremamente grave, causa uma mudança radical na rotina e impossibilita a pessoa de fazer uma série de coisas. Será que meu bom humor iria resistir a isso?
Some-se a isso meu estilo de vida: eu sempre fui esportista, andei de bicicleta a vida inteira, praticava mountain bike todo fim de semana, e eventualmente praticava outros esportes. Sempre fui baladeiro, adorava um boteco, boate, festa, show, exposição, e qualquer furdunço que envolvia bebida, música, e principalmente, mulheres. Adorava viajar, passear, conhecer novos lugares, novos sabores. Enfim, tinha uma vida extremamente ativa.
E em 2006 isso melhorou muito, passei no mestrado em Florianópolis e me mudei pra lá. Na sequência, terminei um namoro de mais de ano. Estava com a vida que pedi a Deus, morando em um paraíso, solteiro, e praticando os esportes que sempre amei.
Mas eis que nas minhas férias do mestrado vim para Minas Gerais visitar meus pais e amigos, e fui a Viçosa. Lá peguei a moto de um amigo meu emprestada para dar uma volta na universidade, acelerei em uma reta e de repente saiu um trator de uma fazenda experimental. Freei e a moto virou, caí de cabeça no chão e quebrei a coluna no nível T2 causando lesão medular, paralisando imediatamente meu corpo do peito pra baixo. Fui atendido, transferido para Belo Horizonte e enfrentei uma cirurgia de 12 horas para colocar a coluna no eixo e instalar doze parafusos de titânio. E me vi de repente deitado em uma cama de hospital, totalmente paralisado.
O que a maioria das pessoas faz numa situação dessas? Desespero, tristeza, depressão. São as respostas normais. Mas não comigo. Graças a Deus, e à estrutra familiar que tenho, consegui lidar muito bem com a situação. O que pensei foi o seguinte: "minha medula foi lesada. Os movimentos foram interrompidos com chances mínimas de recuperação. Não há nada que eu possa fazer neste momento para resolver o problema. Então terei que aprender a viver assim da melhor forma possível. E é isso que vou fazer." E foi isso que fiz.
Os desafios e problemas que encontrei, e encontro até hoje, enfrento com muito bom humor. Não que o bom humor resolva as coisas, só ajuda a lidar com elas. Não é que eu fique feliz com os problemas, que são muitos, mas se a coisa não dá certo, dou meia volta e busco outra forma de fazer ou coisa para fazer. Não fico revoltado da vida só porque não posso ir naquela festa ou naquele restaurante. Só não me desgasto com isso.
Mas só bom humor não resolve tudo. É preciso muita persistência, muita paciência e força de vontade. Essas também são características que sempre tive. Fácil não é. Mas é possível viver bem em uma cadeira de rodas. E feliz.
Pós lesão, consegui voltar a pedalar!!
Update: faltaram minhas histórias pessoais de superação. Vou listar em tópicos:
Relacionamento: no dia do acidente eu estava na casa de uma ex-namorada, reatamos após o ocorrido, mas ficamos dois meses juntos, aí comecei a namorar uma enfermeira que conheci no hospital, durou mais cinco meses, e em seguida terminei e reatei com outra ex-namorada, que sempre gostou de mim e já estava me "rondando" há meses, estamos juntos até hoje.
Trabalho: Em 2007 fiz um concurso público, mas como esqueci de mandar o laudo médico a tempo não concorri como deficiente, mas passei em primeiro lugar geral no cargo. Fui chamado em janeiro de 2010 e adoro o que faço lá.
Estudos: pedi transferência do mestrado que fazia em finanças na UFSC à epoca do acidente e, apesar de ter demorado dois anos para aprovarem minha transferência, hoje estou fazendo a última matéria na UFMG e pretendo entregar a dissertação até o fim do ano.
Lazer: saio todo fim de semana, adoro experimentar novos sabores e conhecer novos lugares, viajo sempre que posso e curto muito um cineminha e encontro com amigos para bater papo. E o esporte que mais amo na vida, o ciclismo, voltei a praticar agora ao comprar uma handbike, pedalando com as mãos.
Dia a dia: para contornar as dores crônicas que sinto todo dia faço hidroterapia três vezes por semana (duas vezes vou sozinho) e acupuntura duas vezes por semana, sem contar os remédios que tomo diariamente. E apesar de sentir dor 24 horas por dia, com crises fortes toda semana, não perco o bom humor. E vivo feliz.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Meu irmão, meu maior exemplo




A idéia de criar esse blog foi inspirada no exemplo de vida que meu irmão é para mim. Ele sempre foi uma pessoa super alto astral, dessas que sabe viver, não se preocupa com bobagens, está sempre ouvindo música, movimentando a casa e deixa sua marca por onde quer que vá. Lembro sempre de quando éramos crianças e morávamos em Ouro Branco (uma cidade do interior de Minas Gerais, há 100 km de Belo Horizonte) era só o meu irmão chegar em casa que ele ligava o som, beliscava meu irmão, mexia com a minha mãe, mudava o canal da televisão que eu estava assistindo e se escondia, para eu achar que tinha algum alienígena por ali, e o pior é que eu achava mesmo...
Enfim, ele literalmente movimentava a casa, quando ele não estava tudo ficava muito parado. E é por isso que ele sempre teve e tem muitos amigos, pessoas que o adoram, porque é sempre muito bom conviver com pessoas que nos contagiam com seu alto astral. Eu particularmente viro outra quando estou perto dele, fico muito mais engraçada, animada, enfim, ele me contagia mesmo e a gente se diverte muito juntos. Qualquer programa de índio vira motivo para muitas risadas se ele estiver no meio.
Mas o mais impressionante nisso tudo é que em julho de 2006 meu irmão sofreu um acidente de moto e ficou paraplégico, motivo mais do que suficiente para qualquer pessoa por mais alto astral que fosse se deprimir e ficar revoltada com a vida. Qualquer pessoa menos ele, pois por incrível que pareça ele não mudou absolutamente NADA! Continua o mesmo palhaço de sempre, dando risada de tudo, fazendo tudo que tem vontade, aproveitando a vida da melhor forma possível, claro que com as limitações de um cadeirante, mas com o bom humor de SEMPRE!
E foi exatamente pensando no exemplo que ele é para mim, para a toda a nossa família e amigos, que decidi criar esse blog, pois penso que muitas pessoas que passam por dificuldades na vida poderiam se espelhar no exemplo de vida que ele é, erguer a cabeça, colocar um sorriso no rosto e seguir em frente.
Quem o conhece sabe o quanto isso é verdadeiro e natural para ele. Agora mesmo queria começar este blog com um depoimento dele, mas ele está indo para Buenos Aires curtir uma semana de folga com a esposa dele, e é disso que estou falando de não colocarmos dificuldades nas coisas, de superarmos os obstáculos, pois tudo é possível se quisermos de verdade. Eu adoro uma frase do Henri Ford que diz o seguinte: Se você pensa que pode, você está certo. Se você pensa que não pode, você também está certo! E é isso mesmo, podemos tudo que realmente acreditamos, esse é o lema dele e deveria ser o de muitas outras pessoas que poderiam viver melhor se simplesmente passassem a enxergar a vida com olhos otimistas, brindando a cada dia a felicidade de estar vivo!!!!
E isso aí, deixo aqui uma homenagem especial ao meu maninho, que eu amo tanto e que é fonte de muita inspiração para a minha vida!!! E podem aguardar que quando ele chegar da Argentina vai me dar a honra de postar um depoimento aqui no meu blog.








segunda-feira, 7 de março de 2011

Apresentação

Meu nome é Karina Ribeiro Fernandes, tenho 32 anos, sou casada e tenho um lindo filho. Sou coordenadora do curso de Administração de Empresas de uma universidade paulista. Pretendo aqui reunir histórias de superação que possam servir de exemplo para aqueles que precisam de forças para continuar a vida com o lema: supero tudo! Pois todos os dias enfrentamos desafios, grandes ou pequenos, e para seguir vivendo e vencendo, é importante termos em mente: eu posso sim, e supero tudo!