quinta-feira, 31 de março de 2011

Pai cadeirante

Nesta foto estão o Gregori Iochpe, Helene e o recém nascido Gustavo, filho dos dois. Gregori contou sua história no blog do meu irmão e autorizou publicar aqui, e reproduzo abaixo.

"Minha historia como cadeirante começou em uma tarde quente de 02 de outubro de 2002, saí da empresa onde eu trabalhava para ir à academia treinar um pouco de tênis, na época eu estava com 23 anos e fazia exercício todos os dias, tinha recém sido selecionado para gerenciar a filial de uma empresa de grande porte do ramo têxtil e no dia seguinte teria uma reunião na matriz desta empresa em Blumenau, que fica 180 km de minha cidade (Lages-SC).
Eu estava com uma moto esportiva Suzuki 750, quando um carro atravessou a preferencial e eu não consegui frear, bati contra o carro e caí no chão, no momento não senti mais minhas pernas, apenas uma dor muito forte no ombro esquerdo que quebrou no acidente, pedi que tirassem meu capacete e fiz a ligação para os bombeiros, e depois para um médico amigo meu.
Quando cheguei ao hospital, estava com o pulmão direito estourado (pneumotórax), o médico meu amigo abriu o jogo comigo e disse que a situação era grave, e que provavelmente eu havia lesionado a medula. Fizemos a cirurgia da coluna, coloquei duas hastes e 16 pinos nas costas, segundo os médicos ortopedista e neurologista, minha medula havia sido cortada ao meio pelos estilhaços de ossos das vértebras que eu fraturei (L12 e L1).
Depois veio tudo aquilo que você sabe, muitas visitas (umas boas e outras chatas), e com 45 dias de lesão consegui uma vaga no Hospital Sarah de Brasília, e na primeira internação fiquei 45 dias, os quais acho que foram os dias mais difíceis de minha vida, pois lá caiu a ficha que eu poderia ficar na cadeira de rodas para sempre.
Estive três vezes no Sarah e apenas 3 meses após meu acidente eu já estava morando sozinho, com 4 meses de acidente comprei um Corolla, adaptei com alavanca Cavenaghi e comecei ir na fisioterapia de carro.
Chegando na fisioterapia, conheci uma outra fisioterapeuta, não a que me atendia, era uma menina recém formada que era especialista em neurologia, fui ficando amigo dela e após alguns meses ela se tornou minha fisioterapeuta, nossas conversas batiam, nossos gostos também, ela entendia o que eu sentia, me apoiava e acabei me apaixonando, e após dois anos nos casamos.
Estamos casados faz quatro anos e meio, após um ano de casados resolvemos ter filhos e procuramos ajuda de especialistas, fomos a uma clínica em Florianópolis, fizemos duas fertilizações, mas sem sucesso, então resolvemos buscar ajuda em uma clínica muito famosa de Porto Alegre (Centro de pesquisa e fertilização Nilo Frantz), e lá conseguimos engravidar.
No dia 24 de Janeiro o nosso querido e aguardado Gustavo nasceu, o parto foi realizado em Passo Fundo-RS, no hospital PRONTO CLINICA, que se adaptou todo para atender o primeiro pai cadeirante daquele local.

Me colocaram em uma suite completamente adaptada para cadeira de rodas; há uns 15 dias atrás ligaram perguntando o que deveria ter no quarto e quais as larguras e alturas que eu desejava, quando cheguei estava do modo que pedi, e isso foi um alivio.
O Gustavo nasceu de 7 meses e meio com 2.330 gramas e 46 cm, depois de 4 fertilizações.
Ele nasceu saudável e forte, não foi necessário ir para o oxigênio, o que nos deu um grande alivio."

3 comentários:

  1. Karina,
    Quero parabenizar ao Gregori pela personalidade e poder de superação. Ele é um exemplo para tanta pessoas que diante de problemas banais se desesperam. Aproveito para desejar ao Gregori, Helene e Gustava muitas felicidades.

    ResponderExcluir
  2. Linda e comovente história de superação. Parabéns ao casal nessa nova fase da vida.

    ResponderExcluir
  3. Paz e graça, Karina

    Belíssima história! Parabéns ao papai e a mamãe do Gustavo que por tanto o amarem, antes mesmo que pudesse ser concebido, decidiram superar as dificuldades e insistiram no sonho de o trazer ao mundo!
    Que mais famílias sigam este exemplo!

    Parabéns, Karina, pelo importantíssimo trabalho!
    Beijão!
    Simone Tavares.

    ResponderExcluir